segunda-feira, novembro 24, 2008

Eu na Bienal


Sou de uma classe nada credenciada a formalizar qualquer tipo de opinião sobre arte contemporânea, digo desde já. Mas como cidadão crítico de eventos que me dizem respeito, posso transcrever minhas impressões, estando ou não elas corretas. Liberdade de expressão, certo? Pois bem, semana passada estive na Bienal de São Paulo.

Que achei tudo aquilo uma porcaria não preciso dizer. Ainda bem que existem pessoas que falam o que realmente pensam, não se acobertando pela politicagem que fazem dos críticos de arte incorporadores de "indiana jones" na incansável busca por virtudes em obras de lixo. Antonio Veronesse é quem me salvou desse cenário indignante, e com uma frase resumiu todo um conceito: "A arte precisa provocar espanto, mas só os idiotas se espantam com o ordinário".

Veronesse esteve nas páginas do The New York Times por fazer o museu Whitney de Nova Iorque devolver o dinheiro de sua entrada em uma visita com objetivos não-correspondidos. E relembrou a mesma indignação ao visitar a Bienal de São Paulo. Ainda bem para os curadores dessa última que a entrada era franca.

Talvez eu esperasse demais do evento, nada me impactou ou trouxe qualquer mensagem bacana. Vocábulo de gente comum, mas que ainda sim via resquícios de arte nas exposições anteriores. Vamos imaginar então como seriam os catedráticos e politizados críticos analisando as obras desse ano?

A obra: o falso-discernimento do presente e do futuro que tangenciam camadas de uma dimensão de paradigma. Junção de tempo e espaço que transportam a um universo paralelo de sensações pseudo-físicas. Estar em uma realidade e em instantes passar a um plano seguinte de entendimento oblíquo no contexto universal.

O que era:
Um escorregador que ia de um andar a outro.


A obra:
o fluxo de dados binários como interface para a convergência de mídia e de mundos. A frequência que traz a harmonia ao digital e ao analógico. Vida presente em uma concepção não-palpável de uma tecnologia que traz o expoente de uma nova era em consonância com tecnologias remotas.

O que era:
Uma máquina de escrever que só tinha o ponto final.


A obra:
Madeira como a essência da vida e da discórida. O humano contrapondo a harmonia regencial da natureza mundana. Degraus: barreiras sobre o que representa a ordem evolutiva do fator econômico em contraponto aos preceitos de conhecimentos indígenas enraizados no ser e não no fazer.

O que era:
Sei lá eu...


De graça até injeção na testa, né? Então qual dessas é a fila da injeção? Porque na da Bienal desse ano eu não entro mais.

quarta-feira, novembro 05, 2008

"Crise pode causar onda de venda de papéis de emergentes, diz Financial Times." (O Globo)

Não entendo nada de economia, mas o negócio parece que tá feio mesmo. É um tal de governo comprando papéis, bancos vendendo papéis. Os únicos que devem estar felizes são os catadores de papéis da rua.

Eu sempre admirei que alguns catadores tinham sempre um sorriso no canto da boca. Eles já sabiam o que estavam por vir. Nós, ignorantes, jogávamos caixas e mais caixas de papelões (que valem mais) no lixo, esvaindo nossas riquezas enquanto os catadores dia-a-dia iam acumulando como a formiga, a espera do próximo inverno.

Outra coisa que comprava a minha ignorância é que o governo está comprando somente papéis podres. Agora eu entendo porque eles usam roupas sujas e carregam os papéis naquela espécie de carroça puxada por eles mesmos. Não adianta ter uma caixa novinha, ela tem que ficar suja, esmigalhada e podre. Que astuto são esses catadores de papéis.

Quantas Casas Bahia são abertas por ano? Magazine Luiza? Imagina quantas geladeiras, televisões e micro-ondas são vendidas por mês e quantas caixas e mais caixas de papelão saem de circulação. É um mercado altamente rentável, e só quem estava antenado com os nuances do mercado internacional podia prever.

Os emergentes Rudolfh e Rudenberg Roemer, no ramo da venda de papéis há 2 décadas, celebram os novos rumos do mercado.


sábado, novembro 01, 2008

Quem é mais ignorante?

A politicagem nacional vive um momento embasbacante. O fenômeno da "analfabetância governamental". O corretor do word está dizendo aqui se tratar de um caso de neologismo. Como é nova também essa tendência em fazer dos burros a nossa imagem e semelhança. Viva, o povo no poder! Nunca a expressão "curral eleitoral" fez tanto sentido.

Pra quê estudar? Se especializar? Esse negócio de sociologia não é comigo. Matemática finaceira? Tô fora! Português? "Nóis num precisa". Será que a minha indignação foi solitária quando o intrépido presidente assinou a reforma da língua portuguesa? O que é isso!? É o mesmo que algum Fernandinho Beira-mar da vida aprovar uma reforma no judiciário. Ainda bem que o nosso técnico-graduado, torneiro mecânico com habilitação em presidência da república, está cumprindo bem o seu papel segundo analistas e à própria população. Fruto de uma equipe de governo competente?

Mas a cultura política nacional não prima pela análise da capacidade específica do candidato para o cumprimento de funções essenciais? Escrever e ler porcamente já bastam para a execução dessas funções? Nenhuma outra formação é necessária? O que houve com as exigências do eleitor? Ainda existem formadores de opinião? A ideologia partidária é que se fortaleceu? O que acontece?

Nessas eleições municipais algumas cidades, e a minha foi uma delas, experimentaram um pouco desse fenômeno fomentado pelo nosso presidente. Não que democraticamente eu ache que o povo não deva ascender a um lugar no poder, mas devemos repensar a questão da capacidade individual. O poder do mito. A representatividade que carrega um civil com tamanhas responsabilidades. Prepare-se para quando seu filho não quiser ir à escola e então em tom autoritário vc questioná-lo: "Não vai estudar, é? Pensa que vai ser quem na vida desse jeito, moleque?". E então a resposta: "Não sei, mãe. Será que só prefeito já tá bom? Ou tento também ser presidente?".

Haja Super Nanny.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Entrevista da semana: Rebeca Gusmão


Entrevistador: Rebeca, antes de começar, para tornar essa nossa entrevista mais descontraída vc se importaria se eu usasse algum apelido quando falasse contigo?

Rebeca:
Não, claro que não

Entrevistador: É que faz parecer que somos mais íntimos, a coisa flui melhor, pelo menos pra mim. Ótimo, então podemos começar?

Rebeca:
Demorou.

Entrevistador: Rebecão mão-de-pilão, eu sei que foi difícil pra vc, mas tem como relatar para os nossos leitores um pouco da experiência traumática que foi ser assediada pelo próprio treinador?

Rebeca:
Não fui eu que fui assediada, brother. Tu tá me estranhando? Foi a Joana Maranhão. Fico triste pela situação que ela passou naquela idade. Mas hoje na piscina a mina até que dá um caldo... Entendeu? Piscina, caldo... Hein, hein? Huohohohohuohoho (peida) huoho... desculpa.

Entrevistador: Eu é que peço desculpas, o roteirista que formulou as perguntas me derrubou do cavalo aqui... Mas vamos lá. Sobre o lance do dopping, dizem que encontraram excesso de testosterna identificado na sua urina. Estranho isso pq nem parece, né? Mas vc tem alguma coisa a dizer? É uma ótima oportunidade para se defender.

Rebeca: Pau no cu do COB.

Entrevistador: Tá certo. Mas Rebecão meu nego, me disseram que vc está ingressando em um outro esporte, isso é verdade?

Rebeca: Verdade, já que não posso mais nadar resolvi seguir com a minha vida.

Entrevistador: Luta greco-romana?

Rebeca: (um pouco irritada) Não...

Entrevistador: Sumô?

Rebeca: (irritada) Não!

Entrevistador: Bom, nada de luta, então... Rugby?

Rebeca: Futebol, caralho!! (peida). Foi mal de novo, não posso me alterar, merda! Sou atacante de um time aqui de Brasília.

Entrevistador: (silêncio)...

Entrevistador: É... assim... o time é feminino?

Rebeca: (batendo com a mão na mesa de centro) Claro que é!! E se vc fizer esse tipo de insinuação de novo a entrevista acaba e eu te arrebento, sua bicha! O negócio aqui era pra ser profissional, cacete! (peida) (peida)

Entrevistador: Perdão.

Rebeca: Vai, vamos acabar logo com essa porra!

Entrevistador: Sim, sim... Rebecão, uma curiosidade: vc levanta quanto no supino?

Fim da entrevista.




terça-feira, outubro 28, 2008

São Paulo, cidade sitiada

Domingo fui acusado de me incomodar demais com a incidência homossexual em ambientes paulistanos. Esse meu rigor crítico tem a mesma não-condencendência aplicada a pessoas desprovidas de beleza, gordas barulhentas e motociclistas. Atentem-se também:

Nos cafés, máximo cuidado! Antro boiolístico da paulicéia extremamente desvairada, a inexplicável (i)lógica: cafeína + lado feminino, merecedora de exaustivos estudos científicos, trouxeram essa situação a lugares assaz agradáveis em tempos mais remotos. Malditos(as).

Outro ponto importante é o cigarro. Nem todo mundo que fuma é viado. Mas todo viado fuma. Sabem aquelas coisas que as pessoas dizem nunca terem visto e que já perderam a graça? Enterro de anão, chester, Lombardi, cabeça de bacalhau... Eu acrescentaria mais duas lendas ao repertório: japonesa vesga e viado que não fuma. Reparem.

Situação: "O papo tá bom pessoal, mas preciso pegar meu rumo, esqueci de colocar ração pro Sandoval antes de sair de casa". Pô, que bacana, vc tbm tem cachorro, de que raça ele é? "O Sandoval não é cachorro, é um angorá"... (silêncio).

Muita atenção também a outras frases reveladoras como:
- "Dá pra misturar mais que uma fruta nesse suco?"
- "Não sei, acho que isso tá mais pra um azul-piscina".
- "O meu com chantilly, por favor".
- "Alguém aqui tbm vai pro show da Madonna?"
- "Pra nenhum. Só torço pro Brasil na Copa do Mundo".


É tudo em tom de brincaderia, espero que meu tosco senso observador não se confunda com qualquer variação homofóbica. Procurarei reparar em coisas mais agradáveis das próximas vezes, prometo. Ah, e um grande abraço aos amigos são-paulinos.

segunda-feira, outubro 27, 2008

A volta dos que não foram

Esse nosso tempo me fez refletir. Na convivência soluçada divagavam paradigmas essenciais. Tortuosos, mas essenciais. Assim por quase um ano. Fui egoísta, calculista. Por medo da vergonha deixei de expressar meus sentimentos. Demasiado valor à opinião de amigos e mesmo de irrisórios novos desconhecidos. Mas por dentro eu era penumbra. Tristeza fosca. Me perdoe.

Não é pelo seu novo momento que agora quero me reaproximar. As pessoas te dão mais valor, te reconhecem... Eu sei. Sei também que não mais te reservava tanto da minha atenção. Mas em tempo algum vislumbrei a hipótese da perda. Já não nos encontrávamos com a freqüência de antes. Mas essa culpa não era só minha. Não superei o que acontecera no quase reveillon do ano anterior. Ainda doía. Mas mesmo não sendo do jeito de sempre, nunca te abandonei. Vamos esquecer tudo o que foi ruim, já passou.

Juras de comprometimento eterno não serão poucas. Jamais te deixarei só: minha vida, minha história, meu amor. Prometo que sofreremos e sorriremos juntos para todo o sempre. Mas puta que pariu, CORINTHIANS, segunda divisão nunca mais, por favor!

segunda-feira, outubro 20, 2008

O primeiro a gente nunca esquece!


Primeiro texto que escrevo, acho que é necessário começar com um título clichê. E  por que não com um assunto igualmente batido? 
 
Pois bem. A necessidade de começar me faz lembrar as minhas 'primeiras vezes' durante a minha vida. Obvio que só lembro das traumatizantes. Uma vez li em algum lugar que alguém disse que só nos lembramos dos traumas. É verdade.

Puxando na memória lembro-me de imediato o primeiro beijo. Horrível, como todo primeiro beijo deve ser. Minhas mãos pareciam um afluente do rio Amazonas, minhas pernas não paravam de tremer, e o fato em si, quase não lembro de nada. Só torcia pra acabar e poder dizer que já beijei alguém.

Lembro do primeiro 0 em física, mas não lembro do primeiro 10. Recordo muito bem da primeira vez que foi feito de idiota durante a aula, do primeiro dedo quebrado jogando bola, do primeira final que vi o Flamengo perder e do primeira vez que vômitei de tanto que bebi.

Acho isso uma bela jogada do nosso cérebro. Uma maneira sagaz de mostrar que se algo está ruim, pode ficar pior. Ou então o contrário, como dizer: "calma, você já passou por algo pior, lembra de quando descobriu sua alergia a frutos do mar, na viagem pra Porto na 8º série?".

Então, se for pra seguir a teoria supracitada, espero não me lembrar como comecei esse blog.